Pesquisas
Eleitorais – Breve Histórico
DENISE NOGUEIRA MAGRI MENDES*
O
documento redigido pela ABEP (2014), Associação Brasileira de Empresas de
Pesquisa, relata que os primeiros registros de enquetes eleitorais datam de
1824, ano da campanha presidencial norte-americana. As enquetes, ou
levantamentos de opiniões, que geralmente aconteciam durante reuniões
políticas, eram realizados com procedimentos casuais e nada científicos.
Resultavam da curiosidade popular sobre os possíveis vencedores, bem como das
atividades dos políticos e partidos para definição dos candidatos ou
conhecimento de suas preferências e eram divulgados nos principais jornais da
época.
Desde então, as enquetes eleitorais foram ficando mais populares. Apenas em
1916 foi realizada uma pesquisa eleitoral nacional pela revista Literary
Digest pela qual
estimaram corretamente a vitória de Woodrow Wilson naquela eleição
presidencial. A partir daí, a revista passou a realizar pesquisas nacionais e,
utilizando-se do procedimento de envio e devolução por correio de milhares de
“cartões de voto”, conseguiu estimar com acerto as vitórias dos seguintes
presidentes da república, incluindo a primeira eleição de Franklin Roosevelt em
1932. A eleição norte-americana de 1936 foi marcante para a história da pesquisa
eleitoral, pois a revista Literary Digest conduziu uma pesquisa nacional e
previu equivocadamente a vitória de Alf Landom, candidato republicano, sobre
Roosevelt, candidato democrata à reeleição. Com uma amostra elaborada à base de
listagem telefônica e registro de proprietários de automóveis, o jornal enviou
mais de 10 milhões de “cartões de voto”, mas obteve a devolução por correio de
pouco mais de 2 milhões e 300 mil votos, uma participação intensa, mas que
representava menos de 25% do total da amostra. A previsão de vitória do
candidato perdedor estava errada por uma margem de 19 pontos percentuais. Os
estudos sobre as causas dessa previsão equivocada mostraram que o viés de uma
amostra pouco representativa, embora gigantesca, a baixa participação proporcional
da população amostrada, e a alta taxa de não-respostas foram as explicações
para o erro da Literary Digest. Naquela
mesma eleição, George Gallup, fundador em 1935 do American
Institute of Public Opinion, acertou o resultado com exatidão, com
uma amostra demograficamente representativa de 3.000 entrevistas. O mesmo
ocorreu para Elmo Roper, que já em 1935 realizava o Fortune
Survey, da revista Fortune, fundado em
procedimentos científicos. Este foi o momento da introdução de métodos
científicos na elaboração e realização de pesquisas.
No
Brasil, a pesquisa de opinião foi introduzida de forma pioneira com a fundação
do IBOPE, em 1942. A primeira pesquisa eleitoral foi realizada em 1945, na
campanha presidencial instalada com o final da ditadura do Estado Novo e início
da democratização. Com 1.000 entrevistas selecionadas em pontos de fluxo na
cidade de São Paulo, a pesquisa estimava o resultado da eleição em que
concorreram Eduardo Gomes e Eurico Dutra. A partir de então, as pesquisas
eleitorais e políticas ganharam campo e hoje são indispensáveis no Brasil.
Assim, a importância das pesquisas eleitorais, percebida pelo campo da política
a partir de então, fizeram com que, nas palavras de NUNES (2000), “hoje em dia,
seja raro algum político, governante ou candidato se valer apenas da sua
sensibilidade.” A inclusão da pesquisa política nos estabelecimentos de
estratégias e decisões é uma poderosa ferramenta utilizada pelos candidatos às
eleições. A campanha política não se orienta por experiência ou improvisações,
mas baseia-se pelo prévio conhecimento das opiniões dos eleitores.
* DENISE NOGUEIRA MAGRI MENDES: Analista do Ministério
Público do Estado de Minas Gerais, bacharel em Estatística pela Universidade
Federal de Minas Gerais, pós-graduada em Estatística pela Universidade Federal
de Minas Gerais, em Gestão da Informação pela Fundação João Pinheiro.
Adaptado do artigo Pesquisa Eleitorais e
Propaganda Política. Fonte: http://www.conteudojuridico.com.br/