segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Pesquisas Eleitorais – Breve Histórico

                                                                                                                 DENISE NOGUEIRA MAGRI MENDES*



O documento redigido pela ABEP (2014), Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, relata que os primeiros registros de enquetes eleitorais datam de 1824, ano da campanha presidencial norte-americana. As enquetes, ou levantamentos de opiniões, que geralmente aconteciam durante reuniões políticas, eram realizados com procedimentos casuais e nada científicos. Resultavam da curiosidade popular sobre os possíveis vencedores, bem como das atividades dos políticos e partidos para definição dos candidatos ou conhecimento de suas preferências e eram divulgados nos principais jornais da época.

          Desde então, as enquetes eleitorais foram ficando mais populares. Apenas em 1916 foi realizada uma pesquisa eleitoral nacional pela revista Literary Digest pela qual estimaram corretamente a vitória de Woodrow Wilson naquela eleição presidencial. A partir daí, a revista passou a realizar pesquisas nacionais e, utilizando-se do procedimento de envio e devolução por correio de milhares de “cartões de voto”, conseguiu estimar com acerto as vitórias dos seguintes presidentes da república, incluindo a primeira eleição de Franklin Roosevelt em 1932. A eleição norte-americana de 1936 foi marcante para a história da pesquisa eleitoral, pois a revista Literary Digest conduziu uma pesquisa nacional e previu equivocadamente a vitória de Alf Landom, candidato republicano, sobre Roosevelt, candidato democrata à reeleição. Com uma amostra elaborada à base de listagem telefônica e registro de proprietários de automóveis, o jornal enviou mais de 10 milhões de “cartões de voto”, mas obteve a devolução por correio de pouco mais de 2 milhões e 300 mil votos, uma participação intensa, mas que representava menos de 25% do total da amostra. A previsão de vitória do candidato perdedor estava errada por uma margem de 19 pontos percentuais. Os estudos sobre as causas dessa previsão equivocada mostraram que o viés de uma amostra pouco representativa, embora gigantesca, a baixa participação proporcional da população amostrada, e a alta taxa de não-respostas foram as explicações para o erro da Literary Digest. Naquela mesma eleição, George Gallup, fundador em 1935 do American Institute of Public Opinion, acertou o resultado com exatidão, com uma amostra demograficamente representativa de 3.000 entrevistas. O mesmo ocorreu para Elmo Roper, que já em 1935 realizava o Fortune Survey, da revista Fortune, fundado em procedimentos científicos. Este foi o momento da introdução de métodos científicos na elaboração e realização de pesquisas.

No Brasil, a pesquisa de opinião foi introduzida de forma pioneira com a fundação do IBOPE, em 1942. A primeira pesquisa eleitoral foi realizada em 1945, na campanha presidencial instalada com o final da ditadura do Estado Novo e início da democratização. Com 1.000 entrevistas selecionadas em pontos de fluxo na cidade de São Paulo, a pesquisa estimava o resultado da eleição em que concorreram Eduardo Gomes e Eurico Dutra. A partir de então, as pesquisas eleitorais e políticas ganharam campo e hoje são indispensáveis no Brasil.

          Assim, a importância das pesquisas eleitorais, percebida pelo campo da política a partir de então, fizeram com que, nas palavras de NUNES (2000), “hoje em dia, seja raro algum político, governante ou candidato se valer apenas da sua sensibilidade.” A inclusão da pesquisa política nos estabelecimentos de estratégias e decisões é uma poderosa ferramenta utilizada pelos candidatos às eleições. A campanha política não se orienta por experiência ou improvisações, mas baseia-se pelo prévio conhecimento das opiniões dos eleitores.


* DENISE NOGUEIRA MAGRI MENDES: Analista do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, bacharel em Estatística pela Universidade Federal de Minas Gerais, pós-graduada em Estatística pela Universidade Federal de Minas Gerais, em Gestão da Informação pela Fundação João Pinheiro.

 Adaptado do artigo Pesquisa Eleitorais e Propaganda Política. Fonte: http://www.conteudojuridico.com.br/