A
gestão empresarial através da prática
dos cinco sentidos gerenciais
Sérgio Lopes*
Sem dúvida há inúmeras
metodologias de gestão empresarial, que ou se complementam ou se rivalizam, mas
todas voltadas para o mesmo objetivo: tornar a Organização competitiva para
obter os melhores resultados com os menores custos com excelente qualidade.
Sabemos que suas propostas
variam desde modelos de gestões com ênfase em qualidade e produtividade
industrial com enxugamentos e melhorias de processos até a modelos de gestão
que contemplam estratégias de guerra nas áreas de marketing, finanças e outras,
passando por gerenciamento de indicadores formulados com apoio de modelagem de
negócios.
Há quem diga que a melhor de
todas as metodologias é aquela que dá certo, o que nos leva a concluir que o
que dá certo numa Organização pode não dar certo noutra, já que cada
Organização é possuidora de uma personalidade única, indivisível que molda e
embasa a sua cultura interna e o seu jeito de ser.
Não há, repito,
absolutamente não há duas Organizações iguais. Há sim muitas Organizações
parecidas umas com as outras, similares, semelhantes, que utilizam a mesma
tecnologia, produzem o mesmo tipo de produto e executam os mesmos tipos de
processos, a ponto de você estar numa e pensar que está em outra. O que é que
as diferencia? O que é que as torna únicas?
A resposta é uma só: São as
pessoas que nelas trabalham. São as pessoas que dão vida às Organizações e
moldam as suas culturas organizacionais que formam as bases dos
relacionamentos, da ética, dos princípios e dos valores que pautam suas
decisões e ações, tanto as voltadas para o público interno, como aquelas
direcionadas para o público externo.
Vale lembrar, entretanto,
que há algo que todas possuem por igual, mas que cada uma utiliza segundo seu
livre arbítrio: São os cinco sentidos gerenciais.
Analogamente aos seres humanos,
que possuem cinco sentidos que propiciam o seu relacionamento com o
meio-ambiente e com demais seres e sua compreensão, os sentidos gerenciais
também servem para propiciar o relacionamento da empresa com o seu
meio-ambiente e sua compreensão.
Nos seres humanos os cinco
sentidos são: olfato, paladar, tato, visão e audição. No caso das Organizações,
referimo-nos aos sentidos de: percepção, decisão, mudança, reconhecimento e
comunicação, que estão democraticamente disponíveis e a serviço de todas as Organizações,
mas, que somente as vencedoras os utilizam plenamente e extraem de suas
práticas os melhores e mais eficazes resultados.
Comecemos pelo sentido da
percepção das movimentações e as mutações que ocorrem continuamente no ambiente
externo que geram oportunidades e ameaças para a Organização e quais os novos padrões, modelos, estilos e
tendências de comportamento que estão sendo adotados pelos seus clientes e
também pelos seus concorrentes e rapidamente tomar decisões que a levem a
aproveitar as oportunidades para ampliar seu negócio, ocupar espaços,
conquistar novos clientes e, igualmente, a decisões que possam mitigar as
consequências das ameaças caso se concretizem.
Em seguida temos o sentido
de decisão, um sentido tão importante que quando ausente torna a Organização um
ser estagnado, paralisado, fechada em si mesmo, um verdadeiro barco sem rumo
que vive ao sabor dos ventos e como nós já aprendemos com Sêneca, “Não há vento
favorável para o barco que não sabe para qual porto se dirigir”. Numa Organização
sem sentido de decisão seu melhor decisor é o tempo. Organização com sentido de
decisão é flexível, ágil, decide eficazmente com base em fatos, indicadores e
objetivos a serem atingidos. Seu sentido de decisão a torna uma Organização
dinâmica e obsessiva por resultados.
Muito importante também é o
sentido de mudança presente numa Organização que entende que a dinâmica da
mudança é a mola mestra da competitividade no atual momento da economia,
nacional e internacional, em que as rápidas adaptações ao meio-ambiente e as
mudanças de rumo são vitais para a manutenção de uma posição de mercado
duramente conquistada e, até mesmo, para se conquistar novas posições. Visão de
futuro, revisões de políticas, ajustes no organograma, reavaliações quadro de
pessoal, melhorias nos processos internos, mudanças nos modelos de negócios,
revisões dos objetivos e metas estratégicas e das estratégias eleitas para seu
atingimento são ferramentas do atual “estado-da-arte” do modelo de gestão de
uma Organização que pratica o sentido de mudança em toda sua plenitudade.
O sentido de reconhecimento
é aquele sentido que se traduz na valorização do quadro de colaboradores que
transformam em realidade os planos de ação da Organização executando os
diversos processos internos visando a consecução das metas previamente
definidas. Reconhecer é, não só valorizar e premiar o esforço coletivo pelas
metas atingidas, como também, no âmbito individual, é avaliar e valorizar
desempenhos com base na meritocracia e praticar continuamente o feedback
construtivo. Numa organização em que o sentido de reconhecimento está presente,
observa-se uma maior capacidade de atrair e reter talentos.
Por fim, mas não menos
importante, temos o sentido da comunicação que traduzimos como sendo a prática
da troca de informações, o exercício do diálogo democrático e contínuo entre a
Organização e seus colaboradores, mediante a utilização dos diferentes canais
de comunicação corporativa existentes, de forma que ambas as partes mantenham
permanentemente alinhados os seus objetivos, individuais, por parte dos
colaboradores e corporativos, por parte da Organização.
Com base nestas nossas
breves colocações, sugerimos que o (a) caro (a) leitor (a) faça um diagnóstico
rápido em sua Organização e verifique qual destes cinco sentidos não está sendo
plenamente exercitado: O sentido da percepção? O sentido da decisão? O sentido
da mudança? O sentido do reconhecimento? O sentido da comunicação?
Percebida a ausência total
ou parcial de algum destes sentidos, tome a decisão de mudar, planeje e execute
a mudança, reconheça o esforço dos colaboradores para mudar e utilize os canais
de comunicação para construir as pontes de relacionamento com seu mais precioso
recurso: as pessoas que trabalham em sua Organização.
*Mestre
e graduado em Administração.
Fonte:
www.contabeis.com.br/