Não
espere a crise passar
Antônio Braga*
A crise veio para ficar ou
será que ela é passageira? É impressionante como as pessoas só falam hoje em
crise e com isso vão deixando de executar as suas atividades com entusiasmo e
vontade de vencer. Muita gente já inicia a semana travada, falando das dificuldades
e trabalhando em marcha lenta. Na sexta-feira essas pessoas estão totalmente
derrotadas.
O Brasil está passando por
dificuldades econômicas? Não resta dúvida que sim. Inflação em elevação, altas
taxas de juros, cortes nos orçamentos do governo, redução da produção
industrial, demissões de trabalhadores etc. Mais o país vai parar? É lógico que
as pessoas vão continuar comprando – umas mais e outras menos.
O que fazer, então, para ser
menos afetado e continuar vendendo, já que sempre vão existir compradores? Uma
coisa é certa, reclamar e esperar a crise passar é a pior estratégia. A atitude
correta é empregar energia em coisas que se traduzam em resultados. Algumas
pessoas falam que é a hora de usar a criatividade. Mas apenas a criatividade
não será suficiente se não for acompanhada de muito trabalho. E tem que ser
trabalho duro mesmo! É associar esforço mental com esforço físico.
Recentemente ouvi uma
entrevista numa rádio, com um grande empresário no segmento atacadista e
frigorífico de Pernambuco, que estava falando com bastante entusiasmo sobre o
seu negócio num momento de muita dificuldade econômica. O radialista perguntou
se suas empresas não estão sendo afetadas, já que em plena crise ele está
montando mais um grande frigorífico em outro estado. Ele respondeu que antes da
crise acordava às quatro horas da manhã, agora, enquanto a crise não passa,
está trabalhando mais ainda. Disse que tem consciência de que toda crise é
passageira e serão mais afetados os empresários que pensam que ela é eterna e
ficam paralisados.
A verdade é que com crise ou
sem crise, vencem os profissionais que adotam atitudes proativas, que fazem as
coisas acontecer. Ficar esperando acontecer nunca deu certo em nenhum tipo de
negócio.
Lembro-me de um grande
fazendeiro do passado (antigos coronéis), de determinado estado do Nordeste,
que adotava algumas regras exóticas em suas fazendas com objetivo de incentivar
os seus trabalhadores. As regras eram escritas em letras grandes nas paredes
dos prédios das propriedades para todas as pessoas lerem com facilidade. Um
delas era: “Nesta fazenda não se pode ficar parado; mesmo na hora da morte tem
que estar estrebuchando”.
Vejo hoje muitos empresários
reclamando, mas sem fazer nada para que as coisas mudem em suas empresas.
Funcionários desmotivados, despreparados, com os pés pregados no chão,
conversando nas redes sociais, atendendo mal aos clientes etc. Se as coisas já
não estão fáceis em virtude da alta competitividade, exigindo grandes
diferenciais para conquistar e manter clientes, pior será para as empresas que
continuam prestando serviços ruins num mercado em dificuldades.
Na semana passada fui a uma
loja comprar determinado produto e a vendedora que estava me atendendo
perguntou-me as horas. Respondi que eram 16h30. Ela disse em alto e bom som:
graças a Deus a loja já vai fechar! O expediente encerra às 17h.
Num país como o nosso, onde,
segundo pesquisas, numa escala de zero a 10, o atendimento e serviços prestados
estão com média de 6 pontos na concepção dos clientes, o que se pode esperar
das empresas ruins em épocas de crise? Fazer promoções, baixar preços e, ainda,
reclamar significa perda tempo e dinheiro, muitas vezes com consequências
desastrosas.
Portanto, nos momentos de
dificuldades vencem as empresas que têm pessoas preparadas e motivadas,
comprometidas e trabalhadoras, com excelente atendimento e serviços
diferenciados para superar expectativas e encantar clientes, capazes de
construir relacionamentos de longa duração.
*Engenheiro Agrônomo,
especializado em vendas, consultor, escritor, palestrante e instrutor de
vendas, atendimento e relações com clientes.
Fonte:
www.administradores.com.br
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